quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Sobre paixão e vaidade

Parei para refletir um pouco sobre as paixões. O que são elas senão um excesso de nós mesmos, de nossas vontades, de nosso eu? Para quê tanta ânsia, tanta inquietude, tanta voracidade, quando o assunto é nosso Ego? Para quê exigir que alguém seja nosso se não somos de ninguém? O amor não deve ser livre? Por que simplesmente não amamos, sem que isso venha acarretado de exigências, cobranças, impetuosidades?


Amar por amar, amar porque quer bem, porque admira, porque deseja. Encantar-se pelo outro não apenas com os olhos, mas com a alma. E doar-se, com entrega, com verdade. E que essa doação seja pautada na verdade, na lealdade. Se por acaso deixar de amar, que a verdade e o respeito prevaleçam. O amor egoísta não passa de vaidade. Vaidade por se sentir admirado, desejado. Mas sem entrega. Contemplamo-nos como Narciso e nos vemos como Dionísio, Apolo, Afrodite, e como deuses, almejamos ser amados, idolatrados, mas sem nenhuma recíproca. Deuses que somos!

Envaidecem-se a beleza, o saber, as habilidades, o poder, mas as coisas mais belas e simples apenas são sem ao menos saber conceitos: as flores, a música, os pássaros, as árvores... tudo repleto de beleza, de plenitude, de perfeição, mas completamente alheios aos adjetivos. Contentam-se apenas em ser, em existir, em cumprir sua função na natureza.

Almejo ser como os seres simples. Libertar-me por completo das vaidades, dos prazeres vagos e passageiros que a vaidade produz. Amar sem egoísmo, conhecer sem soberba, fazer o que estiver ao meu alcance com esmero, mas sem orgulho. Jamais me incomodar com o que o outro possui. Libertar o outro, sem sofrimento, quando o amor for unilateral.

Quero aprender a viver sem os excessos e as vaidades para poder viver melhor, poder sentir o vento, o sol. Perceber cores, sabores, sensações, na plena essência do ser. Eu quero apenas ser. Viver com plenitude, em sintonia com a natureza, com o Universo. Quero contemplar as estrelas, o mar. Criar plantas e animais. Cantar.Conhecer pessoas. Amar de verdade, sem algemas, sem obrigações, sem exigências. Apenas ser, viver e amar pelo bom que é o Amor.

Um comentário:

  1. Eu gosto tanto desse texto... tanto. Voce acaba descrevendo O amor que, sobre o meu ponto de vista, seria um bom caminho para o Amor Universal, um Amor Uno. Adorei, Araceli.

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