quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O desejo é um fio quente e viscoso
Que percorre com ânsia animal
As entranhas do frágil corpo
E quando chega ao seu destino
Suscita  torres, inunda  grutas...
Promovendo o enlace frenético e preciso
Da libido do macho
Com a luxúria da puta.

Inerte

Da cama cinza da monotonia
Desperto numa manhã azul
Com verdes, amarelos e solares
Sonâmbula de já não ser
Apática do ser-a-vir
Duvidosa do quê será...
Inerte, entrego-me à sombra maviosa do ócio
E ali, a-dor-meço, rendida aos domínios da saudade.



segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Invernáculo, de Leminski

Adoro Leminski, e amo esse poema, por isso não posso deixar de registra-lo aqui.

"Esta língua não é minha, qualquer um percebe.
Quando o sentido caminha, a palavra permanece.
Quem sabe mal digo mentiras, vai ver só minto verdades.
Assim me falo, eu, mínima,
quem sabe, eu sinto, mal sabe.
Esta não é minha língua.
A língua que eu falo trava uma canção longínqua, a voz, além, nem palavra.
O dialeto que se usa
à margem esquerda da frase,
eis a fala que me lusa,
eu, meio, eu dentro, eu, quase".

##Precisa de comentários??